
PSPO PlayStation agora é portátil
PSP
64 Jogos cadastrados | 3 Reviews | 3 Dicas e Guias | 47 FotosO Playstation Portable, ou PSP-1000, foi o primeiro videogame portátil da Sony. Aproveitando o sucesso incrível do PS2, que havia roubado de vez o primeiro lugar da Nintendo no mercado de consoles, a Sony resolveu atacar o mercado de portáteis na tentativa de roubar mais uma coroa da Nintendo, que ainda reinava absoluta com sua linha de Game Boys.
O PSP foi praticamente um PS2 de mão, com todas as funcionalidades de seu irmão maior em uma tela widescreen de alta definição. A ideia era de um portátil "maduro", uma central de entretenimento na palma da mão, permitindo jogar, ver filmes, navegar na internet, ouvir música, armazenar fotos e outros arquivos. Porém, um tal de Nintendo DS acabou com as esperanças da Sony e manteve a coroa na cabeça na Nintendo. Embora fosse um portátil de hardware inferior, o NDS trouxe uma inovação irresistível - uma tela de toque que abriu novas possibilidades para os jogos e para o mercado.
A História do PSP
Muito do sucesso absoluto do PlayStation 2 pode ser atribuído não aos seus jogos ou gráficos, mas ao fato de que a máquina funcionava como um leitor de DVD barato e elegante. Em 2004 "convergência" era o novo slogan na fabricação de consoles e no seu marketing. Jogos? Jogos não eram mais o suficiente, então a história começou a mudar. Então, o foco de Ken Kutaragi ao desenvolver o PlayStation Portable foi principalmente sobre o que o sistema poderia fazer quando não estivesse rodando games.
Foi esse o foco que levou a decisão de usar um disco ótico como mídia de armazenamento do sistema. A Sony elaborou o Universal Media Disc (UMD), uma espécie de mini-DVD em que jogos e filmes poderiam ser armazenados e visualizados. Para enfatizar a ideologia cinematográfica por trás do sistema, a empresa colocou um generoso monitor widescreen de 4,3 polegadas no centro do aparelho. Com 16.770.000 cores, a tela do PSP parecia ter pulado vários degraus na escala evolutiva da tecnologia dos portáteis que habitavam o mercado naquele momento.
Quando a Sony revelou o design do portátil na E3 2004 e os participantes tiveram a oportunidade de ver a máquina em funcionamento, as inovações de hardware do Nintendo DS, que seria o rival do PSP, pareciam irrelevantes. O PSP era um cinema na palma da mão, um PS2 portátil, enfim, uma central multimídia do futuro.
O enorme hype em torno do lançamento japonês do aparelho em 12 de dezembro de 2004 parecia em desacordo com os problemas econômicos do Japão, que enfrentava uma recessão. O fervor mundial era tanto, que importadores chineses contrataram desabrigados no distrito de Akihabara para comprar PSPs, que seriam vendidos na China por valores altíssimos. Ao todo, 171.963 unidades foram vendidas no dia do lançamento, e cerca de 500.000 unidades foram vendidas até o Ano Novo.
Quando o PSP foi lançado, havia muitas razões para ficar impressionado. Era uma máquina poderosa, com o mesmo processamento gráfico do PlayStation 2 - um feito inimaginável para um portátil. A tela era brilhante e linda. Os críticos elogiaram as capacidades do seu UMD e o controle analógico acessível, bem como seu Wi-Fi embutido e a estética incrivelmente bonita.
Mas nem tudo estava tudo perfeito para o PSP. Nos EUA o PSP foi lançado em março de 2005, seu preço era 100 dólares mais caro do que o DS - o PSP custava US$ 249 contra US$ 149 do DS. Os tempos de carregamento dos UMDs incomodavam e muitos críticos reclamaram quando alguns jogos exclusivos do PSP - como Grand Theft Auto: Liberty City Stories - foram mais tarde portados para o PlayStation 2. Será que as pessoas realmente comprariam um portátil caro, quando elas podiam comprar o mesmo jogo para PS2? Será que o PSP realmente vingaria?
Quando a pirataria bateu pesada no PSP a resposta ficou clara. As vendas do portátil até aumentaram, mas as vendas de jogos declinaram assustadoramente. Em contrapartida, muitos estúdios começaram a deixar o PSP de lado, já que não conseguiriam vender seus jogos. Todos estavam comprando PSPs para embarcar na pirataria de jogos e filmes.
Sem contar com o apoio de muitas desenvolvedoras, nos anos seguintes a Sony tentaria impulsionar as vendas do seu portátil através da introdução de PSPs com edição limitada, revisões de hardware e novos modelos. Embora nem assim a Sony tenha conseguido arranhar a liderança do Nintendo DS, pelo menos fez as vendas mundiais do sistema ultrapassarem 41 milhões de unidades em todo o mundo.
Em 2007 a Sony lançou o PSP-2000, ou PSP Lite. Assim como o Nintendo DS Lite, o "PSP Lite" ou "PSP Slim" representou uma grande melhoria sobre o PSP original, oferecendo uma versão significativamente menor, menos pesada do portátil. Apesar de não corrigir completamente os tempos de carregamento do UMD, pelos menos acelerou um pouco. Ele encaixava ainda melhor na mão, tinha o dobro de memória e a bateria durava mais que a do PSP original, apesar do corte no tamanho. Mais importante, o PSP Lite veio com uma boa redução de preço, custando US$ 169,99. Por fim, a maior adição do PSP-2000 foi a inclusão de uma saída de vídeo que permitia aos usuários conectarem o portátil em qualquer televisor.
Em 2008, foi a vez do PSP-3000. Imagine o PSP-2000. Agora adicione um microfone, uma tela anti-reflexiva, e algumas melhorias técnicas. Parabéns - você tem um PSP-3000! Na verdade, a única grande diferença era o display LCD, que possuía o dobro da gama de cores do seu antecessor, bem como uma taxa de contraste cinco vezes maior. O preço continuou o mesmo. A Sony vendeu 3,8 milhões de unidades nos EUA no ano do seu lançamento. Enquanto isso, a Nintendo - sem novas atualizações de hardware desde o DS Lite, em 2006 - vendeu quase 10 milhões de sistemas no mesmo período. Mais um ano, mais uma revisão no PSP. Em 2009 a Sony tentou mais uma vez - dessa vez, a última tentativa.
Gostamos de imaginar um bando de executivos da Sony sentados em uma sala em algum lugar, tentando descobrir qual seria o próximo passo para a PSP. "Steam e Apple Store estão indo tão bem", eles devem ter dito. "Então, vamos entrar na era digital também." Parecia uma ótima ideia, então eles lançaram o PSP Go, um novo modelo brilhoso e confortável, com uma tela deslizante, suporte para Bluetooth, cartões SD e algumas outras características "legais". O melhor de tudo, ele suportava downloads digitais.
Havia apenas um problema: o PSP Go não poderia rodar jogos de disco (genial, Sony). Assim, todos os jogos de PSP que os fãs tinham comprado desde 2005 se tornaram obsoletos de uma hora pra outra. Uma vez que ninguém queria comprar jogos antigos novamente, especialmente tendo que pagar US$ 250 no novo modelo, obviamente o PSP Go não vendeu muito bem. Meses depois de seu lançamento, a Sony começou a dar jogos grátis com o Go e, eventualmente, baixou seu preço. Mas era muito pouco e tarde demais.
Mesmo com toda tentativa da Sony, a Nintendo dominava. Entre maciço apoio de terceiros e enorme abrangência demográfica - afinal, o portátil da Nintendo apelava para gamers e não gamers de todas as idades - o DS se mostrou impossível de ser batido.
O Fim do PSP
Os sinais iniciais de sucesso do PSP não se confirmaram a longo prazo. Todos apostavam que a decisão da Sony de colocar a mais avançada tecnologia em seu primeiro portátil era a correta. O Nintendo DS era visto como mais um "brinquadinho de criança" da Nintendo, um portátil que seguiria a tradição dos Game Boys - pouco poder e aposta em "inovações" que naquela altura pareciam bobas. Mas em termos comerciais, a aposta da Nintendo em fazer um portátil acessível para qualquer um se provou imbatível. O DS ultrapassou o PSP em vendas e deixou o portátil da Sony comendo poeira. No final das contas, o DS vendeu mais do que o dobro do PSP mundialmente.
O fim das esperanças do PSP (em termos comerciais, pelo menos) começou cedo, logo em 15 de junho de 2005, quando hackers desossaram o firmware do PSP e lançaram uma versão hackeada para download na internet. Quando instalado, o novo software permitia aos donos de PSP baixarem e rodarem jogos piratas a partir de um memory stick, além de uma batelada de emuladores disponíveis para jogar games antigos. Foi a derrota da Sony, com a pirataria corroendo as vendas de jogos. Os desenvolvedores, desanimados, abandonaram em massa o sistema.
O PSP nunca foi o sucesso que a Sony imaginava que seria, vendendo 62 milhões de unidades em setembro de 2010 - menos da metade dos números da Nintendo com o DS. E, embora jogos como Monster Hunter Freedom e Crisis Core: Final Fantasy VII tenham ajudado o sistema a manter sua posição no mercado japonês, as vendas de jogos e de aparelhos DS sempre suplantaram seus números.
O PSP passou por quatro encarnações diferentes ao longo de sua vida, mas nem isso foi suficiente para chegar perto do Nintendo DS. No final das contas, a Nintendo havia feito a escolha certa, apostando em uma nova maneira de jogar nos portáteis. A inclusão da tela de toque quebrou as barreiras para quem nunca havia jogado e a inovação dos jogos ajudou a cativar até o mais hardcore dos gamers. O PSP, tido antes como o portátil do futuro, agora era passado. O DS sim, havia aberto as portas para o futuro da Nintendo, que seguiu essa ideologia de "simplificar" os controles nos jogos com o seu Wii e conquistou um novo mercado, se mantendo viva no negócio de consoles. Mas essa é outra história.