
Master Systeme surge a Sega, a eterna concorrente da Nintendo
Master System
156 Jogos cadastrados | 11 Reviews | 29 Dicas e Guias | 98 FotosEmpresa: |
Sega |
Especificações Técnicas: | Bits: 8 bits CPU: 6502 NMOS (1.79MHz) RAM: 2KB (16Kb), 2KB Video RAM Cores: 52 (24 na tela) Sprites: 64 Tamanho do Sprite: 8x16 pixels Resolução: 256x240 pixels Som: PSG audio |
Lançamento: | Japão - 1983 Estados Unidos - 1985 Brasil - 1993 |
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Geração: | 3a geração de videogames |
Na década de 80, depois de produzir muitos jogos de sucesso para arcade e outros consoles, a Sega decidiu desenvolver seu próprio videogame. O SG-1000 Mark I da Sega (Sega Game 1000) foi a primeira tentativa da empresa em fabricar consoles domésticos. Ele foi inicialmente testado no mercado em 1981 e, finalmente, liberado para os consumidores japoneses em julho de 1983. Era um sistema bastante avançado para o seu tempo e contou com impressionantes especificações técnicas. O sistema foi vendido no Japão até 1985 e foi lançado em vários mercado pelo mundo.
Em 1984, a Sega lançou uma versão atualizada do console chamado SG-1000 Mark II. Esta versão remodelada usava gamepads em vez dos joysticks originais e tinha um lugar de cada lado para guardá-los. Ela também incluiu um slot que permitiu plugar um teclado chamado SK-1100, que era compatível com o software do computador Sega SC-3000. A Sega também vendeu um adaptador opcional chamado Card Catcher. Este adaptador permitiu que o SG-1000 rodasse softwares do Sega "Game Card".
O SG-1000 alcançou pouco sucesso. O maior problema foi seu competidor direto, o Nintendo Famicom (NES). A Sega abandonou o SG-1000 a fim de fazer um console que poderia competir com o NES, mas a biblioteca de jogos do SG-1000 continuou viva com a versão remodelada Mark III, graças à sua retrocompatibilidade. A função "Card Game" já vinha também no novo console. Pena que as pessoas fora do Japão não sabiam que o Master System podia rodar os jogos do SG-1000.
O SG-1000 Mark III foi lançado no Japão em meados dos anos 1980, mas quando Sega testemunhou o sucesso inicial do Nintendo Entertainment System nos EUA, a empresa passou a cobiçar uma fatia do mercado de consoles americano. Assim, a Sega redesenhou o Mark III, rebatizou-o de Sega Master System (SMS, para abreviar), e lançou o console em 1986, pouco tempo depois do NES. Infelizmente para a Sega, o Master System foi aniquilado pela popularidade do NES.
Tecnicamente, o Master System era superior ao NES, com melhores gráficos e som de maior qualidade. O Master System original rodava tanto cartuchos como os "Sega Cards", que eram vendido por preços mais baratos do que os cartuchos mas tinham menos código. O Master System também tinha acessórios mas legais (como óculos 3D), mas isso não fez diferença, já que não havia muitos jogos emocionantes.
Foi apresentado como uma experiência de arcade em casa, mas todos os outros sistemas faziam a mesma propaganda. O marketing pobre feito pela Tonka não ajudou nada. A Sega originalmente vendeu os direitos do Master System nos EUA para a Tonka, acreditando que o distribuidor de brinquedos faria com que o console fosse mais bem divulgado, mas o departamento de marketing da Tonka deixou de lado títulos europeus populares (como Psycho Fox) e lançou fracassos como Cloud Master. Após o lançamento do Genesis em 1989, a Sega EUA readquiriu os direitos do Master System e lançou alguns títulos populares ... mas já era tarde demais.
A maior razão para o fracasso do Master System, porém, foi a Nintendo. O NES (Nintendinho) possuía cerca de 90% do mercado, com o Master System, INTV (Intellivision) e Atari 7800 dividindo os outros 10%. O NES tinha a vantagem de ter saído antes e de ter feito uma estratégia campeã, supervisionando toda a produção de jogos, garantindo que nenhum lixo chegasse às prateleiras. Como resultado, o NES tinha uma biblioteca excelente de games.
Isso gerava outro problema, quem desenvolvia jogos na época, preferia desenvolver para o NES, que já tinha uma grande base de consoles estabelecida. Sem apoio de outros desenvolvedores, praticamente só a Sega lançava jogos para seu console. Quando alguém se arriscava, geralmente era pra fazer alguma porcaria que nem era digna de nota. Apenas a Activision e a Parker Brothers lançaram games melhores. A Sega ainda conseguiu permissão para "reprogramar" inúmeros jogos desenvolvidos por outras empresas, aumentando sua biblioteca em um grande esforço.
Na Europa, o Master System teve um desempenho muito melhor. Isso foi suficiente para a Sega se animar e lançar nos EUA o Master System II (uma versão reduzida do original, para vender a um preço mais barato), em 1990. O novo console pouco fez para aumentar as vendas de jogos nos EUA, embora o sistema continuasse a ser popular na Europa. O Master System nem sequer foi descontinuado na Europa, só por volta de 1995. Como resultado, há muitos títulos populares na Europa que os EUA nunca ouviram falar, incluindo a versão de Sonic the Hedgehog. A popularidade do Master System não foi limitada apenas à Europa; ele teve uma legião de seguidores em outras partes do mundo, inclusive no Brasil, que foi um de seus melhores mercados.
Acessórios do Master System
O Master System era um console muito bom e a Sega lutou muito pelo seu sucesso. Vários acessórios muito legais foram lançados, como o óculos 3D e a pistola Light Phaser. A tecnologia de Master System continuou viva no Sega Game Gear, que era basicamente um Master System portátil com algumas melhorias. Houve também um conversor para o Mega Drive (Power Base Converter) que permitia jogar jogos de Master.
Talvez o periférico mais interessante tenha sido o óculos 3D, algo bastante inovador na época de seu lançamento. Os jogadores adoraram, pois eles forneciam uma experiência muito imersiva. Infelizmente, apenas seis jogos 3D foram lançados (Blade Eagle 3D, Maze Hunter 3D, Missile Defense 3D, Space Harrier 3D, Poseidon Wars 3D, e Zaxxon 3D), e os óculos só funcionavam com a primeira versão do Master System (SMS I) . O acessório não recebeu muito suporte por causa da pouca popularidade do Master System nos EUA. A empresa VictorMaxx também lançou um periférico similar de "realidade virtual" (era mais um capacete) chamado StuntMaster.
A versão para Master System da pistola "Zapper" do NES foi de fato a Light Phaser, que era de qualidade superior. Modelada a partir da arma do anime Zillion, a Light Phaser era tão realista que os pais pressionaram a Sega para alterar o design, para que a polícia não pensasse que seus filhos estavam correndo com uma arma de fogo real! (Se a sua Light Phaser tem uma ponta de laranja neon, você tem um dos raros modelos "redesenhados".)
Na área dos micos, o Master teve o Power Ball Sports Pad, que era compatível com vários dos primeiros jogos de esportes. Só Sports Pad Football foi projetado com este periférico em mente, um testemunho de quão ruim ele era.
Master System - Campeão no Brasil
Enquanto o Master System lutava uma guerra perdida nos EUA, no resto do mundo ele ia muito bem, obrigado, inclusive no Brasil, onde o console chegou oficialmente em 1989 através de uma parceria da Sega com a fabricante de brinquedos Tec Toy. Ao contrário da Tonka nos EUA, a Tec Toy investiu pesado em marketing para promover o Master System. O console rapidamente caiu nas graças dos brasileiros e foi um enorme sucesso de vendas. Se engana quem pensa que o Master não tinha concorrente por aqui. Embora o NES não tivesse representação oficial, existiam vários clones do Nintendinho (Top Game, Dynavision e o Phantom System pra citar alguns).
Mas a Tec Toy fez uma boa divulgação, lançou vários jogos legais e o Master System acabou dominando 80% do mercado brasileiro no começo dos anos 90. A Tec Toy realmente fez um excelente trabalho em consolidar o mercado brasileiro de games. Na esteira do sucesso do Master, veio o Mega Drive, também lançado pela Tec Toy. A empresa não se limitou a lançar apenas o Master e jogos, trouxe também todos os periféricos do Master System: os óculos 3D, a pistola Light Phaser, os jogos em cartão e outros produtos SEGA, como camisetas, adesivos, brinquedos e bichos de pelúcia (o do Sonic era o mais vendido). Comerciais continuavam passando na TV (como o dos óculos 3D, da pistola e de alguns games como Alex Kidd e Phantasy Star) e até um anime feito especialmente pela Sega para promover o game Zillion e a pistola Light Phaser.
A Tec Toy lançou algumas versões repaginadas do Master System. O Master System II era igual ao primeiro, porém mais barato e vinha com outros jogos. Já o Master System III veio com um novo visual, que era o mesmo do Master System II lançado nos EUA e Europa. Pra completar, ainda lançou diversos modelos portáteis chamados Master System Super Compact, incluindo uma versão rosa para as meninas.
A Tec Toy espremeu o que pôde do suco do Master System. Até do bagaço saiu o Master System Collection, que vinha com jogos embutidos na memória. A última versão possuía 120 jogos clássicos do Master na memória. Foi a maneira que a Tec Toy encontrou de driblar a pirataria, que aqui no Brasil chegou pesada, inicialmente com o NES e depois com o Playstation.
Outra grande ideia da Tec Toy foi a de adaptar jogos tendo em mente o mercado brasileiro. Alguns chegaram mesmo a ser desenvolvidos para o mercado nacional, como Sítio do Pica Pau Amarelo e Turma da Mônica. A Tec Toy ainda conseguiu a proeza de lançar Street Fighter II para Master System, em uma parceria Sega/Capcom que lançou o game apenas no Brasil, juntamente com um novo controle de 6 botões, no estilo do Six Buttons do Mega Drive. Até Mortal Kombat, do 1 ao 3, a Tec Toy conseguiu lançar para o Master.
Pra completar a festa da Tec Toy, a empresa converteu vários jogos de Game Gear para o Master System, aumentando ainda mais a biblioteca do console - Sonic Blast e Virtua Fighter entre eles. Na verdade, o Brasil é o país com a maior biblioteca de jogos lançados para o Master System.
Com a chegada da geração de 32 bits, mais precisamente com a chegada do Playstation (1995) e sua pirataria pesada no Brasil, a Tec Toy não conseguiu mais lucrar tanto e a empresa chegou em vias de fechar as portas no final dos anos 90, chegando a pedir concordata por conta de uma dívida de mais de R$50 milhões.
A empresa continuou com a licença dos produtos Sega, mas sem receber o mesmo apoio. A Tec Toy acabou mudando o foco de seus negócios e passou a fabricar DVDs e Karaokês. Posteriormente, fechou uma parceria com a desenvolvedora asiática Level Up!, conhecida pelo popular MMORPG Ragnarok.
Por conta da parceria com a Level Up!, uma nova divisão foi criada, a Tec Toy Mobile, para desenvolver e cuidar de games mobile. Claro que os clássicos de Master System e Mega Drive estavam no planos. A Tec Toy fechou parceria com diversas empresas de respeito no ramo de games para celulares, como a Sega Mobile (os principais jogos são dela, como Sonic, Wonder Boy, Monkey Ball, Out Run, Puyo Puyo e After Burner), In-Fusio, Pulse Interactive e Upstart Games. Outro nome de peso é o da Bandai, uma das maiores fabricantes de jogos para celulares. Com apenas um mês fornecendo games para celulares, o jogo Sonic The Hedgehog despontou como um dos favoritos nos celulares.
Temos mais uma vez que agradecer à Tec Toy por ajudar a desenvolvar um mercado que cresce até hoje, mesmo que alguns consoles ainda não sejam oficialmente lançados por aqui.