
Atari 2600O início de uma nova era
Atari 2600
370 Jogos cadastrados | 2 Reviews | 1 Dicas e Guias | 16 FotosEmpresa: |
Atari Inc. |
Resumo de Especificações Técnicas: | 8 Bits CPU: Variante do processador 6502 (Real: 6507) Freqüência de operação: 1,19 MHz Memória RAM: 128 Bytes Memória ROM: 16 kB Resolução: 160x192 (NTSC) / 160x228 (PAL) Cores: 128 cores no sistema NTSC Som: 2 canais (cada um com um chip próprio) |
Lançamento: | Japão - 1983 Estados Unidos - 1977 Brasil - 1983 |
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Geração: | 2a geração de videogames | ||
Descontinuado em: | 1990 nos Estados Unidos 1992 no resto do mundo |
O ano era 1976 e a popularidade de Pong (Telejogo no Brasil) começava a cair. Percebendo isso, a Atari chegou à conclusão de que o mercado de consoles de videogame que vinham com apenas um jogo - ou uma variação do mesmo jogo, ia desaparecer rapidamente. Nolan Bushnell (fundador da Atari) teve a ideia de criar uma nova geração de videogames. Para realizar sua visão, comprou a Cyan Engineering, que já havia começado a trabalhar em um projeto chamado "Stella", um novo console que seria baseado em cartuchos e podendo assim ter vários jogos.
Na época, todos os consoles usavam a Logic Technology (tecnologia de lógica baseada em matemática), onde as variáveis eram utilizadas para determinar relações e dedução. Isso fazia com que gráficos iguais ou similares fossem reutilizados em um número limitado de jogos bem básicos. A técnica foi derivada do projeto militar Brown Box, de Ralph Bayer, que eventualmente tornou-se o Magnavox Odyssey. É também por isso que todos os jogos dos consoles da primeira geração eram praticamente iguais.
Em vez da Logic Technology, o projeto Stella utilizava uma unidade de processamento central (CPU) chamada MOS Technology 6502, um microprocessador de 8 bits que foi apresentado em 1975 como o processador mais barato do mercado. Isto permitiria que as informações dos programas fossem processadas pelo microchip rapidamente, sem afetar a memória do hardware. A pergunta seguinte era como entregar vários jogos a partir de uma fonte externa.
Em 1972, a Hewlett-Packard começou a usar cartuchos ROM com programas que se conectavam ao computador através de um slot para cartuchos. Os cartuchos de ROM eram a solução perfeita para o Stella. Arquivos de jogo foram armazenados no cartucho ROM através da adição de um chip de memória de acesso aleatório (RAM), e o processador MOS Technology 6502 lia as informações do programa através de um chip I/O (input/output). Logísticas à parte, o que fez desta solução a ideal foi o baixo custo dos cartuchos ROM. Além disso, a Cyan tinha um chip de som desenvolvido em casa, o Television Interface Adaptor (TIA). As soluções gráficas e de som estavam completas.
Com o projeto se aproximando da conclusão, a Atari percebeu que não tinha dinheiro para terminá-lo e colocá-lo em produção. Nolan Bushnell precisava de capital e a solução foi vender a empresa para a Warner Communications por US$ 28 milhões, em outubro de 1976. A Warner tinha planos ambiciosos, queria que a Atari dominasse o mundo do videogame. Para isso, investiu mais 100 milhões de dólares na empresa após a compra. A Warner sacou que o projeto Stella (agora apelidado de Video Computer System, ou simplesmente VCS) seria um enorme sucesso, já que a Atari poderia ganhar muito dinheiro vendendo jogos para o novo sistema.
O Atari VCS, ao contrário da maioria dos outros consoles da época, tinha uma CPU e permitia aos usuários jogar games diferentes simplesmente trocando um cartucho por outro. O jogo era armazenado na ROM do cartucho, e não no próprio sistema. Isto significava que o VCS era capaz de rodar um número ilimitado de jogos diferentes, ao contrário dos consoles estilo Pong, que continham apenas uma variação do mesmo jogo já embutido em sua memória.
As vendas do Atari VCS seriam impulsionadas pelo acordo que a Atari já tinha com a loja de departamento Sears & Roebuck, que vendia seus consoles Pong. A Sears venderia a sua própria versão do VCS chamada Sears Video Arcade e os cartuchos do VCS seriam vendidos com o nome de "Tele-Games". Em retorno, a Atari obteria uma enorme exposição para seu console, já que a Sears tinha centenas de lojas em todo o país.
Com toda essa tecnologia acontecendo ao mesmo tempo, não era nenhuma surpresa que uma outra empresa estivesse desenvolvendo o mesmo conceito, ao mesmo tempo que a Atari. A Fairchild Semiconductor Company lançou um console antes da Atari, em 1976. Chamado de Fairchild Video Entertainment (mais tarde chamado de Fairchild Channel F), o console usava a Fairchild F8 CPU, desenvolvida pelo fundador da Intel, Robert Noyce.
Vendo que se projeto pioneiro estava sendo passado pra trás, a Atari apressou o lançamento do projeto Stella, que foi rebatizado e passou a se chamar Atari Video Computer System, ou simplesmente Atari VCS. O console ainda ganharia outro nome mais tarde: Atari 2600, como era conhecido no Brasil. Em outubro de 1977, o VCS foi finalmente lançado com um preço de varejo de US$ 200. Nove jogos estavam disponíveis no seu lançamento e apesar do acordo com a Sears, as vendas iniciais foram decepcionantes. Em grande parte a culpa se deveu ao grande número de jogos eletrônicos portáteis da época, que eram baratos. O Simon (Genius no Brasil) era um deles e vários joguinhos da série Game & Watch inundavam o mercado.
Demorou quase dois anos, mas depois de muito boca a boca dos propietários do Atari VCS, o console finalmente decolou. 1979 foi o ano do Atari, que alcançou um enorme sucesso de vendas com mais de 1 milhão de unidades só naquele ano. Um jogo também foi grande responsável pelo sucesso: Space Invaders.
Bushnell não estava mais na Atari quando o VCS finalmente estourou no mercado. Ele tinha começado a entrar em conflito com a administração da Warner em 1978. A Warner começou a substituir a cultura "hacker" da Atari por um estilo mais corporativo, exigindo um código de vestimenta e cartões de ponto. Esse fato, combinado com a decisão da Warner em iniciar uma divisão de computadores que Bushnell não aprovava, levou o fundador da Atari a deixar a empresa. Bushnell assinou um contrato de cinco anos que o proibia de competir com a Atari e comprou uma pizzaria chamada Pizza Time Theater (que viria a se tornar a franquia "Chuck E. Cheese").
O Atari continuou a fazer história durante longos anos, superando toda a competição com sua crescente base instalada e biblioteca de jogos. Seu maior concorrente, o Channel F, não tinha os gráficos ou recursos de som do 2600, nem um gigante corporativo como a Warner Communications por trás dele. Embora o Channel F tenha saído antes, apenas 26 títulos foram lançados para ele e a Fairchild logo sucumbiu ante o domínio de vendas do Atari.
Space Invaders ao resgate - e o início do fim...
Videogames começaram a se tornar cada vez mais populares em 1979 e o Atari VCS tinha finalmente começado a vender bem. A virada definitiva aconteceu em 1980, quando a Atari foi a primeira empresa a fazer uma versão de um jogo de arcade para cartucho. O jogo? Space Invaders. A versão para o Atari chegou às prateleiras em janeiro de 1980 e foi um enorme sucesso. Muitas pessoas compraram o Atari VCS apenas para jogar Space Invaders em casa, como a Warner havia previsto. O futuro da Atari parecia brilhante novamente.
Mas nesse mesmo ano, um grupo que incluía os melhores programadores da Atari, descontentes com a política da empresa de dar pouco ou nenhum crédito para os criadores de jogos, deixou a empresa. David "Pitfall" Crane, Larry "Combat" Kaplan, Alan Miller e Bob Whitehead (criadores de muitos jogos de esporte do Atari) deixaram a Atari para fundar a Activision, empresa que mais tarde desenvolveu alguns dos melhores jogos do Atari VCS. A Atari não ficou muito feliz em ter que lidar com essa nova concorrência (a Atari era a única produtora de games para o VCS antes da formação da Activision), e no momento eles não perceberam que este era o começo do fim do seu domínio no mercado de software. Outras empresas, como Games By Apollo, Parker Bros, Telesys e Spectravision começaram a entrar na briga. Logo, cada vez mais jogos para o Atari VCS (de qualidade variável) pipocavam nas prateleiras.
Ao longo de 1981, a Atari fez a conversão de mais hits de arcade para o VCS, como Missile Command e Asteroids. A popularidade dos videogames continuava aumentando. Com o Intellivision da Mattel ganhando seguidores e o ColecoVision - que seria a próxima geração - surgindo no horizonte, a Atari decidiu lançar sua própria máquina de nova geração em 1982. O Atari 5200 Supersystem surgiu e logo o Atari VCS foi renomeado, passando a se chamar Atari 2600. A empresa continuou a apoiar ambos os consoles, mas o desempenho do 5200 no mercado foi fraco. O fracasso do Atari 5200 se deu em parte por ele não ter retrocompatibilidade com o Atari 2600. Os controles também eram de má qualidade. Além disso, muitos jogadores simplesmente preferiam o console da Coleco.
Enquanto isso, o Atari 2600 dava um tiro no braço, em 1982, com o lançamento do Pac-Man. Era mais uma conversão de um hit de arcade, mas feito rapidamente e de maneira porca. Mesmo não sendo um port muito fiel, lojas de departamento em todo o mundo promoveram o novo game, fazendo concursos e afins. Os jogadores adoraram. Os críticos apontaram que a Atari correu para lançar o jogo rapidamente e não se preocupou com a sua qualidade. Isso não impediu as pessoas de comprarem Pac-Man em grande número, embora alguns gamers tenham tido sua fé no Atari abalada depois de jogar essa versão terrível do jogo.
A Atari cometeu um erro ainda maior no final daquele ano, com o lançamento de ET: The Extra-Terrestrial. Enquanto E.T. se tornou um dos filmes mais populares de todos os tempos, o jogo foi terrivelmente frustrante e mal projetado (o programador, Howard Scott Warshaw, chegou a dar explicações mais tarde). O jogo vendeu mais de um milhão de cópias, porém mais de 5 milhões ficaram encalhadas. A Atari pagou US$ 21 milhões para licenciar ET, e não precisamos dizer que eles perderam um monte de dinheiro...
Pitfall, River-Raid, Donkey Kong, Frostbite, Freeway, Boxing, Keystone Kapers, Enduro, Defender, Outlaw, Combat, Boom Bang, Dragonfire, Laser Gate, Asteroids, Megamania, Moon Patrol, Atlantis... A lista de ouro do Atari tem inúmeras preciosidades.
A Concorrência e o Crash histórico da Indústria dos Videogames 
Independentemente de alguns erros, o Atari 2600 tornou-se tão popular, com uma enorme base de usuários, que os concorrentes Coleco e Mattel lançaram um periférico para permitir que seus sistemas rodassem jogos do 2600. A Coleco ainda vendeu um clone do Atari 2600 chamado de Gemini. A Atari inicialmente ameaçou os responsáveis pela "clonagem" com ações judiciais, e acabou processando a Coleco. No entanto, já que o Atari 2600 não continha nenhum material patenteado e foi produzido com hardware disponível no mercado (e nenhum software era protegido por direitos autorais), a empresa perdeu. Várias outras empresas aproveitaram e rapidamente lançaram com seus próprios clones do 2600.
Em 1983, a competição continuou a aquecer. Com o Atari 2600 se tornando rapidamente obsoleto, foram feitos planos para atualizar o sistema, transformando-o em um computador doméstico. A Atari lançou o periférico "My First Computer"; a Entex anunciou o "Piggyback"; a Unitronics o "The Expander" e a Spectravideo veio com o "Compumate". Todos eles falharam miseravelmente (ou nem sequer foram lançados) e foram esmagados por computadores domésticos concorrentes e outros consoles. O Atari 2600 começou a sumir rapidamente e o Atari 5200 não estava preenchendo sua vaga.
O Atari 2600, apesar de suas deficiências, foi o sistema mais popular antes do crash da indústria de games, vendendo mais de 25 milhões de unidades. Ele produziu um grande número de jogos clássicos, aumentou a popularidade dos videogames e ajudou a estabelecer o mercado de consoles domésticos. Outros consoles da Atari como o 5200, 7800 e Jaguar nunca chegaram perto de alcançar a glória do Atari 2600.
A biblioteca de jogos do Atari 2600 em comparação com as bibliotecas de outros sistemas de videogame é, de longe, a mais estranha e mais variada. O grande número de jogos, que totalizam mais de 1000 cartuchos segundo algumas estimativas, juntamente com o fato de que praticamente qualquer um podia fazer um jogo de 2600 (não houve realmente qualquer sistema de licenciamento, um erro que foi corrigido posteriormente por sistemas de outras gerações, como o NES), produziu algumas bizarrices. Claro que o console teve sua parcela de grandes jogos, mas a grande maioria dos outros games tinham uma produção barata, amadora e foram desenvolvidos simplesmente para ganhar dinheiro com a popularidade do videogame.
O Atari 2600 teve a honra de ser o primeiro sistema a ter jogos para adultos, que incluíram X-Man, Beat 'Em and Eat' Em e vários outros. Apesar de não serem muito explícitos (estamos falando de um sistema de 8 bits dos primórdios) e extremamente inúteis, estes jogos se tornaram populares por conterem um certo tom de erotismo. De todos os jogos já lançados para o 2600, Custer's Revenge foi o que causou mais controvérsia. O objetivo do jogo era fazer com que um certo... excitado... General Custer chegasse ao outro lado da tela onde uma jovem índia nua estava amarrada a um poste. Se você "ganhasse", você poderia chegar aos finalmente com a moça apertando freneticamente o botão do joystick. Não precisamos dizer que muitas pessoas acharam esse e os outros jogos "adultos" muito ofensivos. Na outra extremidade, havia jogos cristãos como a Eli's Ladder e The Machine Music.
Uma vez que quase qualquer um podia fazer jogos para o Atari, algumas empresas decidiram produzir jogos para fins promocionais, como foi o caso de Chase the Chuckwagon, que era dado de graça pela Ralston Purnia em troca de uma compra de ração pra cão. O pior que ele é um dos mais valiosos e procurados jogos de hoje devido à sua raridade. Tooth Protectors foi uma promoção por correspondência feita pela Johnson & Johnson para os clientes que compraram seus produtos (geralmente creme dental Crest). O jogo mais popular dos promocionais foi Kool-Aid Man, que originalmente era trocado por "Pontos de Kool-Aid", mas mais tarde foi vendido nas lojas.
No auge da popularidade do 2600, "Atari" era um nome conhecido mundialmente, que faturava milhões e milhões de dólares e empregava mais de 10 mil pessoas. Mas com todos esses games de baixa qualidade inundando o mercado, vários clones que não paravam de sair e o "caso E.T.", eventualmente veio o declínio. A empresa morreu efetivamente em julho de 1996, quando foi comprada pela JTS (uma fabricante de disco rígido), que vendeu a maior parte dos ativos remanescentes da Atari. A Atari foi então trazida de volta à vida em fevereiro de 1998, quando a JTS vendeu a Atari para a Hasbro.
A Hasbro tentou trazer de volta um pouco da magia da Atari, revivendo jogos da vasta biblioteca de clássicos da Atari e atualizando-os para um público moderno, produzindo títulos como Pong: The Next Level e Breakout: The Great Escape. Em dezembro de 2000, a empresa de entretenimento francesa Infogrames adquiriu a Atari, juntamente com várias outras propriedades da Hasbro. Em 7 de maio de 2003, a Infogrames mudou oficialmente seu nome para Atari e faz negócios sob a gloriosa marca Atari desde então.